NANÃ BURUKU (NÀNÁ BURUKU / NÀNÁ BÙKÙÚ / NÀNÁ BRUKUNG)Aspectos Gerais
· Dia: Terça-feira
· Data: 26 de Julho
· Metal: Nenhum
· Cores: Lilás, Branco e Roxo
· Comidas: Aberém, Mugunzá, Mostarda e Taioba
· Símbolos: Ibiri e Bradjá
· Elementos: Águas paradas e lamacentas
· Região da África: Ex-Daomé
· Pedra: Ametista
· Folhas: Folha-da-costa, folha de mostarda, manacá, ojú oro, oxibatá, papoula roxa, quaraná
· Odu que Rege: Odilobá
· Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade
· Saudação: Salúba!
Introdução: Nanã proprietária de um cajado. Nanã salpicada de vermelho, suas roupas parecem banhadas em sangue, orixá que obriga o fon a falar nagô (ketu). Água parada que mata derrepente, ela mata uma cabra sem usar faca. É considerada "orixá mais antigo do mundo". Quando orumilá chegou aqui para frutificar a terra, ela já estava. Nanã desconhece o ferro por trata-se de um orixá da pré-história, anterior a idade do ferro. O termo Nanã significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra.
Arquétipos: São conservadores e presos aos padrões convencionais estabelecidos pelos homens. Calmos, as vezes mudam rapidamente de comportamento, tornando-se guerreiros e agressivos; quando então, podem ser perigosos, o que assusta as pessoas. Levam seu ponto de vista ás últimas conseqüências. Quando mãe, são apegadas aos filhos e muito protetoras. São ciumentas e possessivas. Exigem atenção e respeito, são pouco alegre e não gostam de muita brincadeiras. São majestosos e seguros nas ações e procuram sempre o caminho da sabedoria e da justiça.
Origem e História: Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nanã é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja freqüentemente descrita como um orixá masculino.
Em algumas regiões da África, Nanã é conhecida como Inie e sua autoridade é ressaltada em um belo Oriki:
Para o alto não podemos subir, Do alto escorregamos. De volta pra casa,Não falar (do que viu).Vamos celebrar a festa do ano. O proprietário da casa esta em casa, O estranho pede caminho, Se Inie me dá, eu tomo. Se Inie recusa, eu não peço.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral de nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo em seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nanã se faz compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma idéia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nanã.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender Nanã e entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é água parada, água da vida e da morte.
Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás (que deveriam ser de barro) que permite o nascimento dos deuses (no barro dos ibás) e dos homens.
Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo preocupam-se com isso. Aqueles que praticam boas ações vivem preocupados com o seu próprio bem, com sua elevação espiritual, e desejam ao próximo o mesmo que pra si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade de sua essência.
Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, nosso cotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
Nanã Buruku foi a primeira esposa de Oxalá, mas perdeu o seu grande amor para Iemanjá.
Muito sábia Nanã era considerada por todos a guardiã da justiça. Era de fato juíza, as pessoas, especialmente as mulheres, costumavam queixar-se a ela, que fazia os julgamentos e aplicava os castigos. A coruja, animal que representa a sabedoria, pertence a Nanã.
O que surpreendia nas sentenças de Nanã é que ela só castigava os homens. Havia um jardim criado por ela especialmente para abrigar os eguns ---era o país da morte. Os maridos faltosos eram amarrados em uma das árvores. Nana convocava os eguns para assustá-los e, quando o pavor era insuportável, eles eram soltos.
Nanã não vira na cabeça de homem, aliás, Nanã abomina a figura masculina, pois o homem, através do esperma, líquido que é símbolo de Oxalá, semeia o óvulo e gera uma nova vida. Nanã é a morte que reside no âmago da vida, que possibilita o renascimento. A vida e tudo que a representa ---o esperma (homem) e o sangue ---são considerados tabus para Nanã.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.
Notas bibliográficas
http://www.orixas.com.br/Candomblé. A panela do segredo - Pai Cido de Osun Eyin – 2000
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